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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Capítulo 2

Rurko atravessou as mesas entre as garçonetes e chegou ao outro lado do edifício, o banheiro. Banheiros de espaço-porto são seguros e acolhedores como a casa da sua avó. É claro, isso se sua avó for um monstro gigante de um olho só que mora num pântano. Mas pelo menos têm chocolate. Ok, não têm chocolate nenhum, o banheiro é terrível. Mas na situação que Rurko se encontrava, não havia muito que escolher, existiam coisas dentro dele que gritavam por liberdade. Então ele entrou correndo na primeira cabine livre que viu e fez o que qualquer pessoa sensata faria na mesma situação ao encontrar um vaso incrivelmente sujo: ignorou tudo e sentou pra fazer o que tinha que ser feito. A natureza fazia sua parte e Rurko se divertia lendo tudo que estava escrito nas paredes do banheiro. Serviço terminado, era hora de a tecnologia fazer sua parte, um "CLICK" e um "VUUSH" e tudo estaria resolvido. Rurko apertou o botão. CLICK. Ele ia se levantando, e... *CHUUUUP*.
Com a virada verde, se extinguiu qualquer tipo de privada que usasse água, e se tornou mais comum o uso as de sucção que simplesmente jogavam tudo a milhas de distância no não-mais-tão-belo espaço. Porém em um espaço-porto tão ruim como aquele nunca se pode confiar da manutenção. NUNCA.
- Como nosso querido narrador teve a bondade de acentuar, nunca confie no sistema de sucção. Se não você pode... Hmmm... Ter probleminhas.
Você ficou entalado no vaso.
- Muito obrigado por demonstrar minha vergonha, narrador.
Ha ha ha, eu não disse? NUNCA confie.
- MAS EU TAVA APERTADO! O QUE VOCÊ QUERIA QUE EU FIZESSE?
Tinha uma lata de lixo lá fora...
- Que tal você continuar a narrar?
Eeer... Ok. Enquanto Rurko tentava lidar com sua vergonha, gritos começaram a vir do outro lado da porta. Entre uma tentativa e outra de se desentalar, ele esperava que aquele barulho todo não fosse Poncho e George arrumando algum tipo de confusão. Ele não ia conseguir sair dali tão cedo pra ajudar. Sem muitas alternativas, Rurko se agarrou a maçaneta da porta na esperança de conseguir escapar daquela situação. "Vamos lá, é só eu puxar com força.", pensou ele. Maçaneta agarrada, movimento brusco de puxar e... *PAK*. Agora ele tinha uma maçaneta em sua mão direita e uma porta aberta a sua frente, mas a privada de sucção continuava presa ao mesmo lugar. Rurko teria ficado intrigado com a situação, se não fosse o fato de que no mesmo momento uma luz surgiu da escotilha acima da privada, de onde surgiu um robô de segurança que arrancou Rurko dali. Ainda preso à privada.
- QUALÉ, ME DESENTALA PRIMEIRO. - Disse Rurko sem saber se aquilo que o estava levando pra fora falava ou não.
- iNfRaToR#####dEvE fIcAr CaLaDo#####
- Você não faz idéia do que eu posso fazer com essa maçaneta né?
- #####aBrIr PoRtAs#####
- ERROU! EU POSSO TE DESTRUIR!
Nisso Rurko golpeia o rôbo entre as juntas do braço que o arrastava, que acaba emperrando.
- A VITÓRIA É MINHA! Agora você vai sobrecarregar ao tentar mexer o braço, vai superaquecer e pifar!
Antes que Rurko pudesse reagir, o robô retirou a maçaneta usando a outra mão e sem hesitar o nocauteou.
Quando recuperou a consciência, estava deitado em um tapete inflável em uma sala de 2X4 com paredes com 20cm de acrílico, com um uniforme amarelo escuro e uma dor de cabeça monumental. Já havia passado três dias naquela prisão e, ao toque de recolher, se perguntava onde estariam Poncho e George.
- Não acredito que se esqueceram de mim. - pensava em voz alta - Tenho que fazer um plano pra escapar daqui, mas como? - Silenciou-se assim deitado em sua cela almofada com as mãos embaixo da cabeça e as pernas cruzadas.
Começou a pensar nos inúmeros filmes que envolviam fugas miraculosas e imprevisíveis da prisão, mas a cela era de acrílico impossibilitando os famosos túneis, ele não tinha poderes magnéticos para se igualar ao desempenho de Magneto, talvez ele conseguisse reproduzir a fuga de Neal Caffrey, mas onde ele arranjaria um uniforme? Fora que se usava identificação de DNA por sangue nas portas.
O cenho de Rurko ficou severo parecendo se incomodar com algo, mas parece que não tinha nada naquela cela para incomodá-lo.
- Talvez você tenha se esquecido do fato de que eu tenha que ficar te ouvindo acabar com minhas possíveis ideias.
Esqueço que quando esta sozinho, você presta total atenção a mim, com insultos principalmente, observem que nenhum obrigado foi dito desde o começo do capitulo.
-Você não me ajudou em nenhum momento pra receber um obrigado. Que eu saiba narradores são onipresentes, você poderia me dizer o que esta acontecendo nos outros lugares.
Talvez os outros narradores sejam onipresentes, eu não.
- Ótimo. Eu aqui com um narrador que me diz o óbvio.
Bom, então acho que é obvio que se continuar a me ridicularizar, você não vai sair daí nunca. “Rurko assim vive o restos de sua vida na prisão” final terrível para uma historia que tem dois capítulos apenas.
- Ok, Ok, mas tente ficar quieto um pouco, tenho que pensar em como sair daqui. Veja bem, tenho direito a sair pro pátio da redoma de vidro uma vez por dia a tarde e trabalho na cozinha toda manhã. Como fui preso apenas por não pagar a conta, não sou vigiado na cozinha. Bom, tenho que começar da cozinha. Já sei, vou começar uma confusão no refeitório enquanto estou na cozinha e saio correndo pro hangar de naves voo pra mata mais próxima e escapo por lá. Vai ser moleza, o que acha?
...
- Oh inferno, pode falar agora.
Parece simples demais. Como você vai passar dos identificadores de DNA e abrir a porta do hangar?
- Fácil. Na confusão do refeitório, com certeza um guarda vai ser esfaqueado. Se eu conseguir retirar a faca as portas não serão mais problemas. Quanto ao hangar, espero que as naves tenham umas armas bem maneirosas MUAhauHAUHauHAUh.
Ok.
- Será daqui três dias. Em três dias me libertarei desta desolada cela e finalmente serei livre novamente.
E assim, com um sorriso de louco, Rurko se deita para dormir com roncos ensurdecedores. Nos dois dias seguintes Rurko se manteve atento a toda a rotina do presídio, tanto dos guardas quanto dos presos, ele precisava saber qual preso irritar pra causar um grande tumulto e qual o provável guarda que iria ser esfaqueado. Então, no terceiro dia, seu plano estava com tudo armado.
- Repolho com fígado de rinocetério e tang, sobremesa é sopa de letrinha. Repolho com fígado! Se eu soubesse que essa era comida daqui, eu teria pulado da nave quando a policia me cercou! – Esse era Danko Jones, o alvo de Rurko. Tinha ódio pelo cardápio da prisão e braços que pareciam cilindros de gás de 10m³. Rurko ficou olhando Danko se aproximar da fila do balcão de alimentação, por sorte, Rurko ficou com a entrega da sobremesa naquele dia, detalhe essencial, pois foi ali que ele implantou a discórdia que irritaria Danko. Assim com uma cara carrancuda, Rurko entregou a sobremesa para Danko e lhe-disse:
- O cozinheiro me mandou te entregar isso.
- Cala a boca, pivete, me de logo essa gororoba.
- Só estou dizendo que as letras não flutuam por acaso. Letra por letra e você vai entender o que o cozinheiro fez - disse Rurko com uma terrível tentativa de copiar as enigmáticas frases do Mestre dos Magos.
Danko ficou com uma cara de paisagem, pensando que realmente deveria ter pulado da nave quando a policia o cercou. Então foi para uma mesa que não ficava muito distante da porta. Rurko ficou observando Jones comer a refeição principal, e depois, a sobremesa.
Danko pegou a colher e o prato raso da sopa de letrinhas e as viu formarem uma frase. Dizia “SEU IMBECIL” com uma mosca flutuando no meio, foi ai que Danko levantou chutando tudo.
- COZINEHIRO MALDITO VOU TE MOSTRAR QUEM É O IMBECIL! - gritou enquanto arrancava a mesa do chão.
Esse foi o estopim da grande confusão, com bandejas de alumínio sendo amassadas em cabeças e cadeiras se quebrando em costas, além da comida voando.
- Perfeito... - Sussurra Rurko para si mesmo.

sábado, 21 de maio de 2011

Capítulo 1

- Contar cartas, cara! Igual naquele filme em que o cara quer pagar a faculdade.
- Pô, Poncho! De novo isso?
- Muita grana rolando, cara!
- Até daria certo, George, mas o cara do filme era inteligente, a gente não consegue nem se lembrar de botar uma bateria na nave. - Disse Rurko incrédulo.
- Putz! Então a gente vai ter que botar antes de sair? –
- É, mas sossegado, eles fazem isso aqui no porto.

Nisso chega à mesa a garrafa de Yamandu e as costeletas de Rinocetério. Prato típico de qualquer espaço-porto em rotas de naves de carga. Delicioso, se você não estiver muito preocupado com o sabor.
Na verdade eles já estavam acostumados com esse cardápio de tripulação, essas rotas haviam se tornado rotina desde que a rota turística se encheu de tarifas e gente pedante, “É o pensamento elitista, cara!” diria Poncho.
Mas ali não havia nada de elitista. Mesa, cadeira, comida e uma decoração que poderia inspirar suicídio em formas de vidas mais inocentes. Felizmente, inocência não estava entre as principais características dos pilotos gordos e levemente sujos que costumavam comer por ali. Alguns deles estavam bebendo no balcão e jogando nas mesas.

- Passa a garrafa aí.
- Vai com calma, George, é 50% corante. Você vai ficar brilhante que nem um pirilampo estelar. – Disse Rurko, passando a garrafa.
- Falou o futuro Engenheiro Alquimista...
- Ei, se a gente contasse cartas, ia ter dinheiro pra comprar uma bebida de verdade. – Poncho continuava insistindo.
- Yamandu é bebida de verdade, mas o corante é forte mesmo, em alguns planetas pobres ele é usado como contraste de raios-X. -Respondeu George antes de beber mais um gole.
- Nada melhor pra acompanhar uma costeleta de Rinocetério... – Emendou Rurko, prestes a colocar um pedaço na boca – Eu só sei que não vou comer isso quando chegar a Fuidjin. Quando chegar, vou comer um lagostarão empanado, com água de côcoranja bem gelada, surfar no mar do sol poente e dormir nas sombras dos côcoranjais.
- De novo essa história desse planeta, Rurko? Você acha que vai conseguir chegar num planeta-ilha que só foi encontrado duas vezes em 300 milênios? – Questionou George ao perceber que era a 1ª vez que ele ouvia esse coversa.
-Lógico que vamos encontrá-lo. Tudo bem que ele está em um buraco híperespacial que torna impossível seu mapeamento e esse buraco o faz mudar de posição a cada cinco dias, o menor tempo de estadia entre todos os planetas-ilhas já citados pela historia. Mas pense quando finalmente o encontramos, suas belas praia de areia douradas e com suas florestas coloridas com os mais diversos animais, fora que podemos conhecer novas culturas e mundos sem se preocupar em ficar trocando a bateria da nave cada vez que superaquecermos o motor.
- Ok, vê quanto deu a conta – disse George - Vocês dividem por que eu só vou pegar meu dinheiro no banco galáctico em Plêiades, a casa da vovó.
Poncho ligou a tela da mesa, onde viu a conta: 18,50 lactares. Nem deu bola, já que só ia ter dinheiro só daqui um mês, quando trabalhasse na biblioteca das Plêiades.
- Mas você tá sem dinheiro também, George?- Rurko começando a entender a situação. - Paga você Poncho, depois a gente divide.
- Putz cara! Eu não tenho dinheiro nenhum... Vamos sair correndo sem pagar, a gente liga o alarme de incêndio.
- Vamos fazer do jeito clássico, lavando pratos, depois a gente vai embora e tudo se resolve, eu quero chegar na casa da minha avó hoje ainda. Também que merda, ninguém trouxe dinheiro.
- Pratos? Que pratos? Não existem mais desde a virada verde... Fim dos pratos, sacolas plásticas e isopor. Salvaram o planeta? Não, mas os fabricantes de sacolas de pano ficaram ricos, e foram os primeiros a fugir pra Marte, era bom morar na Terra... – Se lembrou Poncho suspirando.
- É, eram bons tempos de vadiagem na escola, ficar indo na quadra ver as meninas jogar vôlei... Será que o Portiolli abriu alguma outra quitanda por aí? - Perguntou George.
- Quitanda, cara? Aquilo era só cerveja, na porta da escola... - Respondeu Poncho.
- Ouvi falar que ele está na Lua contrabandeando pros mineiros.
- Putz, o Portiolli tá na Lua? Ele sempre foi meio pirado... E aquele professor de Chinês? O Mango? Será que a cirrose já levou ele?
- Que nada, o Mango foi pra Jethrull com o comboio hippie. A colônia mais legal das que se formaram depois do fim da Terra. Lá não têm natal, eles comemoram o nascimento de Jimi Hendrix fazendo um revival de Woodstock todo ano no dia 27 de dezembro.
- A gente tem que dar uma passada lá então, cara.
- Voltando ao problema... - Disse Rurko , tentando voltar ao assunto - Como vamos pagar a conta?
- Sair correndo, nossa única chance.
- Não jumento... Vamos contar cartas, não era isso que você queria?
-Yeah!
- Eu ainda acho essa ideia idiota, mas vamos lá... Fazer o que? – Disse George com uma cara de desgosto.
Eles se levantaram e se dirigiram para o canto das mesas de 42 do outro lado do balcão. Eram mesas engorduradas ocupadas por caminhoneiros engordurados. Os dealers eram robôs com vazamentos de óleo nas juntas e os lustres vermelhos terminavam de compor esse lindo cenário de cassino pós-apocalíptico. O jogo em si era simples, uma versão do velho 21 da Terra, mas com um baralho hexadecimal.
O plano consistia em contar as cartas do baralho para saber quando viriam as mais altas. Assim, quando as primeiras quatro cartas viessem o jogador saberia as chances de formar um jogo bom antes do próximo lance. Essa foi uma das razões que levou ao uso do hexadecimal, não que tenha funcionado.
- Cadê o George? – perguntou Rurko.
- Sei lá, ele disse que já vinha. Esquece ele. Carta alta mais um, carta baixa menos um, quanto a contagem estiver baixa você me chama, eu fico naquela mesa, é só me chamar.
Poncho foi para a mesa do canto e Rurko se sentou ao lado de um caminhoneiro que estranhamente era muito parecido com o dinossauro Barney. Um nariz meio retangular, um sorriso de maníaco e com a luz vermelha batendo naquele rosto, podia jurar que ele era roxo. Durante o jogo, o que se passou pela sua cabeça foi mais ou menos isso:
"Bom vamos lá ,As, 8, 9,30,28,29,WOW! Nossa, minha barriga deve tá com um alien. Essa dor não é normal. 40 , 17 ,15, 2, 4... Até agora deu -3, parece que a mesa tá boa, vou chamar o Ponch.... Meu Deus, eu tenho que ir no banheiro!!!".
Atravessando essa atribulação, Rurko chamou Poncho para a mesa.

- Menos 3 - murmurou.

Poncho respondeu com um joia embaixo da mesa e Rurko foi levantando aos poucos. Em breve ele soltaria no banheiro seu 8º passageiro.
O jogo começa, e assim como o voar das cartas sobre a mesa, uma Vikings-Xt9 vai em direção ao planeta mais próximo do espaço-porto, Due-Laguem, com motores potentes, mas lataria desgastada por inúmeras batalhas. Bem, Keslar nunca foi um bom manobrista, talvez por ser cego de um olho e ter o outro substituído por um eletrograficóptico, mas mesmo assim ele era o melhor de todo o bando.
Keslar cuidava do yamandus, a principal carga "recuperada" pelo bando, além de pilotar a Vikings. Rico era o sorrateiro, aquele que sempre foge de fininho ou bate carteiras, quase nunca obtendo sucesso. Mesmo possuindo certa habilidade para a coisa, seus 4 metros de altura e seu corpo largo como uma tora de Ygg tinha grande influencia na sua porcentagem de falha. Por fim, Slach, o chefe do grupo. Tinha uma voz como a de Shao Kahn, uma voz de comando, grave, potente e assustadora. Era conhecido como O Duende da voz de ferro.
Um grupo pequeno, mas suficiente para golpes que rendiam o rinocetério de cada dia, como o do menino machucado, ou o do gigante machucado, ou o do motorista do olho eletrograficóptico machucado... Mas nesse dia eles estavam mais nostálgicos e utilizaram o velho golpe de pedir socorro e dizer que se está a deriva contra uma nave mercante.

No mesmo momento em que a nave do bando entrou freneticamente na atmosfera de Due-Laguem, com o calor flamejante a sua volta, as duas cartas pousaram na frente de Poncho.

- PONCHO! Perdendo muito?- Disse George ao chegar.
- George porque demorou tanto? Tô quase conseguindo uma grana preta muAHuahauhauaHuahauhauAH.
- Como assim quase?
- AHHH!! Não que eu esteja viciado, mas tenho certeza que vou conseguir dobrar tudo agora, com aquela carta que ele vai tirar daqui a pouco.
- Sei... Você vai perder.
No momento que a carta ia ser tirada o robô trava e em um piscar de olhos homens musculosos retiram o lixo velho travado, que é trocado por uma belezoca polida tinindo á platina, ROB GAMERS X 42, novinho em folha.
- Hmm, não sabia que podia fazer isso no meio do jogo.
- Também não se pode contar cartas.
Então o novo robô soltou as ultimas duas cartas. Com um novo baralho a contagem estava perdida, Poncho dependeria apenas da sorte.
- Rá, falei que você ia perder.
Poncho estava tão abismado com o que tinha acabado de acontecer que só conseguia encarar as cartas sem acreditar.
- Pelo menos um problema já está resolvido, achei uma bateria.
- Perdi toda a grana...
- Agora é só instalar.
- Maldito robô novo...
- Eu tive muita sorte achei do lado de uma nave.
- PORQUE CÉUS?! COMO VAMOS ARRANJAR A BATERIA AGORA?!.
- Você não ouviu nada do que eu disse, não é?
- Ouviu o quê?
- Bateria. Achei. Lado de uma nave.
- Que nave?
- Uma nave lá, cinza com uns detalhes pretos na lateral com um adesivo da família do Barney. Estava jogada do lado...
- Mas como você achou essa nave?
- Eu não tava muito a fim de jogar com vocês, então eu fui procurar uma máquina de doce lá fora. Daí eu lembrei que a gente tava sem dinheiro e fui procurar alguma coisa pra arrebentar a máquina. Tinha essa coisa preta e quadrada do lado da nave. Até que serviu bem. Pena que amassou meu chocolate, por sinal, a gente devia andar com mais coisas dessas, não ia precisar de dinheiro por um bom tempo. Então quando fui descobrir mais sobre essa magnífica ferramenta vi que era uma bateria.
- Então isso aí é meu! – Disse o caminhoneiro Barney com certa rispidez.
- Nossa, quanto caso por causa de um chocolate. - Disse George olhando pra sua meia barra amassada.
- Acho que ele tá falando da bateria, cara.
- Essa bateria tem um dono, e você tá falando com ele. Passa isso pra cá moleque!
- Você não quer a bateria, você quer o chocolate... - disse George fazendo o velho truque Jedi.
- Não, eu quero a bateria. Agora.
- Chocolate...
- Bateria.
- Nããão... Chocolaaate...
- Cara... Mas... O que...

Nesse momento George fez um movimento frenético com as mãos fazendo com que o seu resto de chocolate voasse no robô dealer, que desorientado acabou derrubando o caminhoneiro Barney.

- Ahá! O truque Jedi nunca falha.
- MUITO BOM PADAWAN, AGORA VAMOS!!!- disse Poncho puxando George.

A dupla corria freneticamente, esbarrando nas mesas e empurrando todas bandejas flutuantes que encontravam pela frente, sairam pela porta da frente com uma tempestade de grotescos elogios deixados para trás. Ao chegar ao estacionamento estava lá a nossa amada Valkyria guerreira de muitas viagens.
Enquanto bem atrás estavam vindo o caminhoneiro, com seu sorriso hediondo, e mais meia dúzia de robôs de segurança.
 Sem olha para trás os dois subiram rapidamente a rampa de embarque da Valkyria.

-RAPIDO, VAMOS SAIR DAQUI, passa a bateria pra cá e vai ligar a Valkyria – Disse George jogando a bateria para Poncho.

Poncho abriu o compartimento da bateria à esquerda da rampa e colocou a bateria lá dentro desejando que tivesse acertado os polos. A rampa se levantou e a Valkyria começou a subir verticalmente.
Os motores da velocidade da luz já estavam ligados e prontos para trabalhar. Enquanto Barney olhava furioso para o rastro deixado, mas sem deixar de sorrir.

- Nossa você foi rápido George.
- Não fui eu, o Rurko já tava lá, vi de longe ele sentado na cadeira do piloto.
- Foi por pouco...
- Vamos ver pra onde o Rurko esta nos levando.
Ao chegar ao compartimento do piloto, George se aproximou de Rurko e botou a mão sobre seu ombro:
-Qual a próxima pa... MEU DEUS O RURKO TÁ MURCHANDO.
-Putz, esse não é o Rurko, é o piloto automático.
- Então onde ele está?

Enquanto os dois se olhavam perplexos, a reposta veio como uma só palavra piscando em neon dentro de suas cabeças. Banheiro.