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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Capitulo 6

Rurko e George lutavam para avançar dentro daquela multidão de pernas e braços dançantes embalados pelo som do show que ecoavam por todos os cantos daquele planeta. Até que em meio aquela confusão George avistou Zangado, um velho amigo seu.

- O Poncho é um cara estranho... – disse Zangado, e antes que todos percebem,  já mudando de assunto – Hoje eu tropecei no meu próprio pé, caí apoiando a mão em algo macio, era cocô de cachorro, e depois  o cachorro maldito mijou em mim. Então não me venha falar de Poncho.
- Você viu ele? – Retrucou George em tom que pudesse ser ouvido em meio aquela confusão.
- Eu vi essa merda de show do Pena Vinícius & Carlinhos de Morares e nada do Jasão  & os Argonautas... Carlinhos de Moraes é uma droga, CHUPA SOCIEDADE!

Ele sempre se exaltava com os menores assuntos, mas George tinha maiores preocupações no momento para dar atenção à elas.

- Poncho. Você o viu?
- Ele tá ali atrás. – Rosnou Zangado, apontando para uma casinha de madeira onde se vendiam cachorros quentes.
- Uhuul! Cachorros quentes! Comer! – Gritou Rurko, que agora parecia mais animado em comer do que encontrar seu velho amigo.

George foi para trás da barraca para tentar encontrar Poncho, enquanto Rurko estava comendo cachorros quentes. Ao dar a volta na casinha, George encontrou uma forma que parecia encarar algo.
Poncho estava sentado olhando para uma árvore de cacau, ele parecia maravilhado e abismado, e somente desviou sua atenção ao perceber George se aproximando.

- Vamos plantar cacau. Ele nasce aqui naturalmente, e fazer chocolate, achocolatado e tudo mais, e vamos plantar na encosta e todos os dias vamos ver o poente no oceano e os eucaliptos, cara! E o Rurko também, alquimia dos chocolates e toda essa parada. Construir uma casa de troncos e botar fogo nas coisas, só pra ver queimar.
- Rurko! O Poncho não tá bem, mas leva-lo logo daqui.
- Rurkolino! – Gritou Poncho, enquanto Rurko aparecia carregando dois cachorros quentes, e como se podia notar, com outro enfiado em sua boca. – Cacau!
- Cara, que legal! Há quanto tempo eu não via isso!

Nesse momento George começou a se preocupar, ele já vira essas reações antes e ficou pensando quanto tempo ia demorar até que começassem a projetar um trebuchet, uma casa na árvore, ou qualquer outra ideia idiota.
A melhor dessas ideias havia sido produzir hidromel, uma ótima bebida, se misturado com suco de pera na correta proporção. Mas e agora, ia ser chocolate o verão inteiro?
Quando George voltou à conversa, Rurko estava falando:

-... Sim! Então vamos fazer uma cota de malha de anéis de lata. Vai ser legal.

George sabia onde aquilo ia dar então ele resolveu voltar aonde Zangado estava, onde ficou discutindo o novo álbum do Jasão & os Argonautas, havia boatos de que Jasão iria morrer e ressuscitar no palco. Ser um semideus tinha suas vantagens.
O céu começava a ficar estrelado, e eles não haviam dormido desde que chegaram a Kosciuszko. Dois dias de shows ininterruptos, aquilo acabou com a energia deles. Zangado os levou ao acampamento e os mostrou a cabana/dormitório.
Beliches, armários, banheiro e, surpreendentemente, uma lareira acessa queimando eucalipto. O sono foi longo para os três, mas cada um se perdia em pensamentos muito diferentes. Poncho, já imaginando sua encosta com cacau e silêncio. Rurko, tentando digerir os quatro cachorros quentes que estavam dando trabalho para seu estomago e sua cabeça. E George, sonhando com aquela baterista com bochechas fofinhas. 

Será que eles se encontrariam de novo? George só conseguia se preocupar com isso.