-Mas
você sabe muito bem que eu não posso ajustar a rota para Fudjin!!!
– gritou o computador de bordo Cogudex – Um planeta ilha é muito
dificil de encontrar.
-Isso
é irrelevante, se um macaco ficasse escrevendo numa máquina de
escrever num tempo infinito, eventualmente iria escrever Romeu e
Julieta. Nós só precisamos saber onde o planeta esteve antes e
depois seguir o fluxo – respondeu Rurko animadinho.
Na
verdade Poncho e George sabiam que aquilo era besteira. Eles
entendiam que realmente, macacos digitando em máquinas de escrever
haviam feito fortunas para as editoras das revistas Veja e Carta
Capital. Mas como isso se aplicaria na situação, não faziam ideia.
Rurko
começa a explicar:
-
É só procurar os boatos, seguir as pistas e procurar na cauda dos
cometas.
Poncho
sabia que aquilo não ia dar em nada mas ficou quieto pois a vontade
de fazer alguma coisa o impediu de zoar o Rurko.
George
nem estava prestando muito mais atenção por ficar pensando na sua
Alice. Sentia saudades do tempo em que ficara com ela no acampamento
em Kosciusko. Estava curioso para saber da família dela até. Era a
primeira vez que ele se sentia assim... hehe, ele nem fazia ideia de
como parecia bobo.
Rurko
levou a nave para um espaço porto num asteroide, onde foi pedir
informações sobre os últimos avistamentos de Fudjin. Poncho foi
comprar um jornal magnético no usb do porto para ver as manchetes em
busca de alguma referencia sobre o planeta que eles procuravam. Essas
eram as manchetes:
- Atentado a bomba contra o novo papa. 1º sucesso da guarda suíça lutando com sabres de luz.
- Filósofos debatem hoje na tv: quem veio primeiro, o prefeito ou a dívida da prefeitura?
- Lançamento do livro: 1001 lugares para se visitar antes da limpeza étnica.
- Problemas no 27º revival de woodstock: mais um clone (13º) de Janis Joplin morre de overdose.
- Avistado planeta-ilha próximo à estrela Sírius. Declarado estado de emergência: onda migratória de surfistas entope todas as vias de comunicação.
De
volta à nave, Rurko colocou os viajantes na rota para o sistema
Sírius, não era exatamente para onde eles queriam ir, mas era a
melhor dica que tinham.
Os
surfistas geralmente viajavam em busca de planetas-ilha para surfar
em suas ondas gravitacionais. O problema é que por onde quer que um
planeta-ilha passasse deixava um rastro de surfistas extraviados que
enxiam as filas do serviço social e dos albergues, além é claro de
acabar com todo o estoque de Doritos e parafina.
George
ficou preocupado com a possibilidade de um destino semelhante ao dos
surfistas e começou a criar um plano B. Nesse plano ele se
aproveitaria de um momento de desespero, que provavelmente viria
quando eles se perdessem, para levar todo mundo para o planeta das
macorianas.
Poncho
estava pela primeira vez no volante da Valkyria, a sua carta havia
acabado de chegar e ele estava animado. Rurko disse que ficaria de
olho para ajudar Poncho, mas é claro, ele dormiu, mesmo ainda sendo
8:30 da noite. George estava no fundo da nave estudando vetores, e
não prestou atenção quando as coisas começaram a dar errado.
A
inexperiência de Poncho no volante, o ronco de Rurko, uma bateria
mal colocada e uma rota incerta, foi o necessário para que eles se
perdessem. Quando Poncho acordou Rurko, eles já estavam parados.
-
Rurko, acorda. Temos um pequeno problema.
-
Hã, o que? - diz o viajante semi-dormido – qual o problema?
-
Estamos perdidos.
-
Perdidos aonde?
Poncho
nem respondeu a essa pergunta, só esperando que o bom senso de Rurko
acordasse. Enquanto isso George veio para a ponte de comando
esperando pelo pior:
-
O que aconteceu?
-
Estamos perdidos – respondeu Rurko.
-
Perdidos aonde? - continuou George.
-
Não sei – respondeu Poncho
- Como não sabe? – disse Rurko
-Se eu soubesse nos NÃO estaríamos perdidos.- enfatizou Poncho.
- Mas a gente tem que se perder em algum lugar meu DEUS!!! – Exclamou Rurko.
- Por exemplo, tem gente que se perde no shopping, outros na rua e asism por diante.- continuo Rurko.
- Bom seguindo essa lógica creio que estamos perdido no espaço. – Repounde George com um ar de entendido.
- MAS ONDE DO ESPAÇO ??!!- Perguntou Rurko aparentando sua pulsnate veia de perplexidade.
-COMO VOU SABER, NÃO SEI E PRONTO, NINGUEM MANDOU DORMIR!!- retrucou Poncho levantando as mãos aos céus demonstrando seu característico ar de “se fode ai nerdão” o que deixava Rurko mais estressado, mas ajudou a amenizar aquela discussão de “que é necessário ter um lugar pra se perder ” o que acarretaria um looping infinito de non-sense.
- Como não sabe? – disse Rurko
-Se eu soubesse nos NÃO estaríamos perdidos.- enfatizou Poncho.
- Mas a gente tem que se perder em algum lugar meu DEUS!!! – Exclamou Rurko.
- Por exemplo, tem gente que se perde no shopping, outros na rua e asism por diante.- continuo Rurko.
- Bom seguindo essa lógica creio que estamos perdido no espaço. – Repounde George com um ar de entendido.
- MAS ONDE DO ESPAÇO ??!!- Perguntou Rurko aparentando sua pulsnate veia de perplexidade.
-COMO VOU SABER, NÃO SEI E PRONTO, NINGUEM MANDOU DORMIR!!- retrucou Poncho levantando as mãos aos céus demonstrando seu característico ar de “se fode ai nerdão” o que deixava Rurko mais estressado, mas ajudou a amenizar aquela discussão de “que é necessário ter um lugar pra se perder ” o que acarretaria um looping infinito de non-sense.
Rurko
começa a ficar nervoso e pergunta ao computador:
-
Onde estamos?
-
Você sabe muito bem que estamos perdidos!
-
Onde? - perguntou Poncho, sem pensar.
-
Aparentemente a falta de bom senso é contagiosa. Se estamos perdidos
é por que não sabemos onde estamos.
George,
que tinha voltado para o fundo da nave, grita:
-
Meu Deus, estamos perdidos! - E, continuando a ironia – Quem me
dera ter algum outro destino para ir!
-
Alice, de novo? É sério isso? - Poncho, já nervoso também, por
ter se perdido.
-
Pelo menos ela mora em um planeta de órbita fixa.
-
Vendo por esse lado...
Nesse
momento Cogudex irrompe em uma de suas torrentes informativas:
-
Segundo meus cálculos, baseados na derivativa da integralidade da
onda pós-gravitativa, o planeta passou por aqui ontem. Sua direção
mudou 175 graus quando ele passou perto da estrela Sírius B, e agora
teríamos que comprar outro jornal para continuar procurando.
Aparentemente o planeta passou por nós, mas ninguém notou, Poncho
estava vendo Chaves enquanto dirigia e eu estava jogando xadrez
contra mim mesmo.
Nesse
momento em que todo mundo começa a ficar entediado e ignorando o
computador de bordo, George vê a oportunidade de plantar a ideia de
ir para o planeta das macorianas, lar da sua Alice.
-
Cogudex, aposto que você não consegue achar as coordenadas para o
sistema da estrela Vega.
-
Você sabe muito bem que eu posso fazer isso em 22 milissegundos, na
verdade eu já fiz, e o café também já está pronto.
-
Então vamooos!!! - disse Poncho animado, mais por eles terem algum
destino do que por estarem indo em direção ao sistema onde ficava o
planeta das macorianas.
Rurko
ficou um pouco contrariado por eles não estarem mais em direção a
Fudjin, mas viu a coisa pelo lado bom, ou seja, mais uma oportunidade
para voltar a dormir e pelo menos assim George ia parar de ficar
amuadinho com saudades.
No
entanto ele se enganou quanto a dormir, Poncho ainda estava dirigindo
e ele achou melhor ficar de olho dessa vez, além disso, George
começou a falar sem parar:
-Vocês
sabiam que o planeta era habitado por um povo primitivo chamado de
Maconhenses. Basicamente eram seres que gostavam muito de ouvir um
reggae, curtir o por do sol, estudar ciências sociais e estar sempre
em contato com a natureza e seus bichinhos fofinhos e bonitinhos.
-
MAS tudo mudou quando o primeiro comboio fugido da terra chegou. Era
um grupo de ex-proprietários de serrarias e madeireiras que fugiu
quando o clima ficou quente demais para plantar pinheiros, sua
principal fonte de renda.
-
Não que os madeireiros tenham deliberadamente matado algum
Maconhense, até quiseram, mas não foi necessário. Acontece que o
pinheiro, trazido da terra, não fazia parte da flora local, mas se
adaptou absurdamente bem matando todas as espécies nativas de
plantas.
-
Não sobrou nada para os Maconhenses comerem e, de repente, os
madeireiros estavam de frente a um oceano de florestas de pinheiros e
claro, ficaram muito ricos. Hoje eles se chamam de macorianos, embora
não sejam os habitantes originais.
Poncho
e Rurko já estavam de saco cheio daquele papo e começaram a cantar
o mais alto possível para ver se ele parava de explicar, cada um uma
música:
Poncho
cantando ABBA:
“You
can dance
You
can jive
Having
the time of your life”
E
Rurko cantando um death metal irreproduzível e incognoscível em
qualquer língua humana. Enquanto o computador de bordo, ao ver toda
a gritaria, pensava se aquilo constituía um ambiente hostil de
trabalho, cogudex com toda a suas preocausões preparou as capsulas
de ejeção, só pra caso as coisas saíssem do controle mais que o
noemal. No entanto, George continuou.
-
O pai da Alice é um desses donos de serraria.
-
E daí? - Pergunta o computador de bordo, tentando ser sarcástico.
-
E daí que ele é muito rico – continuou George sem sacar que o
computador não estava nem aí.
-
E daí que ele é rico? - perguntou o computador.
-
E daí que ele tem dinheiro e a filha também, tenho que lembrá-lo
que eu sou apenas um estudante pobretão.
Mais
aí Cogudex começou a ficar nervoso:
-
ESTUDANTE? VOCÊS ESTÃO VIAJANDO A MESES SEM ASSINAR A LISTA DE
PRESENÇA, SEM FAZER PROVA, SEM ESTUDAR SEM... pfiuuuuuuu...
Com
o apertar de um botão Rurko desligou o computador de bordo e com ele
a nave toda, foi um golpe de sorte pois mais um pouco 3 assentos de
polímero barato cada um com um viajante fedido serião adicionado ao
mapa da constelação dos planetas das macorianas.
-
Ele tava mais chato que você, George. – resmungou Rurko.
-
Hehe. Tanto faz, já dá pra ver o planeta da janela da nave, agora é
só esperar que a gravidade do planeta nos puxe.
-
Soltar na banguela! - disse poncho – É quase como dirigir um
fusca.
Nesse
momento a nave começou a entrar na atmosfera do planeta. Faíscas
começaram a sair do contato do ar com a fuselagem da nave.
- Ta talvez seja um pouquinho diferente de um fusca. – revisou Poncho agarrando mais firmemente ao volante.
- Ta talvez seja um pouquinho diferente de um fusca. – revisou Poncho agarrando mais firmemente ao volante.
Como
não puderam usar os freios, já que a nave estava desligada, as
faíscas começaram a aumentar e a coisa toda parecia um cometa
rasgando o céu noturno iluminando três ou quatro reuniões de
Wiccas em clareiras na floresta.